Pr. Eziquiel Nascimento
Publicado em 13/10/2021
Lá em Êxodo 29 e 40 tem as instruções de Deus a Moisés sobre a consagração dos sacerdotes. Em Levítico 8-10 Moisés unge a Arão e seus filhos ao sacerdócio de Yahweh. Nos capítulos 11-15 são dadas as leis sobre purificação e separação de animais limpos e imundos; da mulher após o parto; das lepras e diversas purificações. Nesses capítulos, portanto, há duas distinções claras:
1. O sacerdote foi consagrado e ungido para servir. Servir primeiro às pessoas convertidas e santificadas; depois buscar os pecadores sem Deus para se santificarem.
2. Claro está que o caminho até Deus passa, obrigatoriamente pela expiação e mediação feitas pelo sacerdote. Claramente isso apontava para Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote; pois Ele mesmo foi o sacrifício e o sacerdote. Se você quer se aprofundar nesse assunto estudo Levítico conjuntamente com o livro de hebreus.
Em Levítico há a clareza de que nenhum sacerdote (pastor, padre, religioso) pode consagrar a si mesmo... mas, é consagrado por outro sob a vocação de Deus. Ao vocacionado cabe, simplesmente, apresentar-se diante de Deus, como fez Isaías: “Eis-me aqui... estou pronto”. E os rituais em Levítico revelam o desejo de Deus de viver sempre no meio do Seu povo e, para isso, Ele mesmo ofereceu muitas possibilidades para que se mantivesse longe do pecado. Nada mudou e Deus continua a oferecer oportunidades de santificação e, portanto, de o ser humano se manter longe da prática contumaz do pecado.
Em Levítico, Arão e seus filhos foram separados para o sacerdócio em tempo integral. Isso exigia santificação, ou seja, o viver diário deles implicava em separação total das coisas pecaminosas. Afinal eles eram os representantes de Deus diante do povo. A dedicação tinha que ser total, por isso, nenhuma terra ou propriedade eles receberiam na Terra Prometida. Compromissados com o sacerdócio, fizeram os sacrifícios de sangue que expiavam os pecados e foram ungidos. O simbolismo era de que eles estavam santificados diante de Deus. Por isso, todo o simbolismo é simplesmente lindo: lavagem corporal, vestimentas novas e especiais e a unção (cap. 8).
Interessante chamar a atenção para o papel do sumo sacerdote. Este seria o único a entrar no lugar “Santo dos Santos” no Tabernáculo. Faria isso uma vez por ano em favor dos pecados voluntários do povo, exatamente no dia da expiação. Na mesma ocasião os filhos do sumo sacerdote foram consagrados como sacerdotes, ou seja, seriam ajudantes do seu pai. Apenas destacar algo que salta fácil ao estudante da Bíblia: a unção com óleo (8: 12). Na Bíblia, além do sacerdote, também o profeta (I Rs. 19:16) e o rei (I Rs. 16:13) eram ungidos com óleo no ato de consagração. Claramente, Jesus Cristo uniu e assumiu os três ofícios: profeta, sacerdote e rei.
Portanto, quando Jesus morreu na cruz do Calvário e o véu do templo se rasgou de alto a baixo, o sumo sacerdote da linhagem de Arão não mais precisaria fazer a expiação pelos pecados do povo uma vez por ano. Aquele que foi ungido profeta, sacerdote e rei (Jesus Cristo), como Sumo Sacerdote eterno e superior fez um sacrifício perfeito e definitivo pelos pecados do povo (Hebreus 9 e 10).
Talvez alguém pergunte: mas, por que Jesus é esse sacrifício perfeito? Justamente é isso que o livro de Levítico aponta com todos esses sacrifícios de bois, bodes, ovelhas, carneiros, pombas, rolinhas e tudo mais. Todo o sangue dos animais precisava ser derramado porque esse sangue derramado simbolizava que os animais estavam morrendo em lugar do pecador que, reconhecendo os seus pecados, oferecia o animal para morrer em seu lugar. Foi por isso que João Batista ao ver Jesus afirmou: “Eis aí o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1:29). Como Jesus é o Filho de Deus, perfeito e sem pecado, ao derramar Seu sangue na cruz, Ele aboliu todo o sacrifício de animais porque Ele se fez pecado pelos seres humanos. Era exatamente isso que os sacrifícios de Levítico apontava: Jesus seria o sacrifício definitivo e substituiria o sumo sacerdote da linhagem de Arão.
Quero enfatizar, ainda, algo que pode passar despercebido ao estudante desatento de Levítico: por que as intermináveis repetições dos sacrifícios? Aqui estão envolvidos dois conceitos teológicos: 1. A necessidade de o povo entender a força do pecado e o poder do sangue sobre a cobertura do pecado; tudo apontando para Jesus Cristo (compare com Hebreus 9:11-28); 2. A necessidade de o povo entender que precisava buscar a perfeição; ou seja, a santificação. Uma das regras da boa didática é a repetição daquilo que é ensinado. Foi isso que Deus fez com o povo de Israel para que, finalmente, pudesse entender esses dois conceitos que são válidos até hoje.
Por último , quero encerrar fazendo um comentário sobre o pecado de Nadabe e Abiú que está no capítulo 10. Deus, que é santo, estabeleceu as normas para o culto em Israel. Nadabe e Abiú eram filhos do sumo sacerdote Arão, portanto, seriam sacerdotes. Os dois tentaram adorar a DEUS não agindo de acordo com a direção divina. É bom lembrar que os dois tiveram o privilégio de, juntamente com Moisés, Arão e os setenta anciãos, verem uma manifestação de DEUS no Monte Sinai (Êx. 24:1, 10). Deus quer santidade sempre. O que aconteceu?
Concluindo: Isso significa que Deus exige dos Seus filhos obediência. Cultuar a Deus é um ato de adoração e isso precisa ser levado a sério. Imagine se Deus agisse da mesma forma hoje com aqueles que vão a uma igreja – evangélica, católica, ortodoxa – qualquer e visse o que acontece nas suas celebrações. Porventura, haveria alguém vivo ainda? Apenas para nossa reflexão. Deus é santo e quer que Seus filhos sejam santos e o adorem em santidade e em verdade. Amém.
Venha refletir mais um pouco sobre essa história. Participe conosco do Café Metanoia, no YouTube, domingo 8h45min e da escola bíblica as 9h15min na EBD da IBVO (classe ADULTOS).