Pr. Eziquiel Nascimento
Publicado em 11/12/2021
O mundo cristão evangélico comemora no segundo domingo de dezembro o dia da Bíblia. Para o cristão a Bíblia é “...lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu caminho” (Salmo 119:105). Os católicos comemoram a Bíblia no dia 30 de setembro. Em 30 de setembro de 420 d.C, aos 73 anos, morria Eusebius Sophronius Hieronymus (Eusébio Sofrônio Jerônimo=São Jerônimo). Foi sacerdote católico e destacado teólogo, historiador e confessor; considerado santo e doutor da Igreja Católica. Ele foi o tradutor da Bíblia para o latim. Essa tradução é conhecida como a “Vulgata”. Esse termo tem o sentido de “leitura de divulgação popular”. Segundo historiadores, Jerônimo fez sua tradução em uma das grutas anexas a do nascimento de Jesus, na cidade de Belém. Ela foi instituída como Bíblia oficial da Igreja Católica no Concílio de Trento (1545-1563). Foi um contraponto a Reforma Protestante, quando se tornou evidente a necessidade de uma referência de autoridade divina escrita.
Os evangélicos comemoram no segundo domingo de dezembro face ao Projeto de Lei do senador Eber Silva (PL/RJ), aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo, então, Presidente Fernando Henrique Cardoso em 19 de dezembro de 2001. Foi a Lei Federal 10.335.
UM POUCO DE HISTÓRIA: a origem. O “Dia da Bíblia” foi criado em 1549 na Grã-Bretanha pelo Arcebispo de Cantuária Thomas Cranmer (1533-1556). Este foi importante figura durante os reinados de Henrique VIII e Eduardo VI. Cranmer incluiu na primeira edição do Livro de Oração Comum do rei Eduardo VI um dia especial para que todo o povo intercedesse em favor da leitura da Bíblia. A data indicada foi o “segundo domingo do Advento”, assim chamado por ser o tempo de preparação para o Natal. Esse “Advento” era comemorado nos quatro domingos do mês de Natal (dezembro); portanto, segundo domingo de dezembro. Cantuária era a Sé principal da Igreja da Inglaterra. Cranner é considerado uma figura importante como reformador protestante na Inglaterra. Foi um dos primeiros mártires anglicanos, tendo sido queimado em 21 de Março de 1556, por heresia, a mando da Rainha Maria I, sob as ordens da Igreja Católica.
Os primeiros missionários evangélicos chegaram ao Brasil em 1850, portanto o dia da Bíblia só foi oficializado 151 anos após os evangélicos chegarem ao Brasil. A fundação da Sociedade Bíblica do Brasil em 1948, talvez, tenha sido o marco impulsionador para a divulgação desse dia comemorativo. Em dezembro de 1948 houve a primeira manifestação pública registrada de comemoração do “dia da Bíblia”. Isso aconteceu no Monumento do Ipiranga em São Paulo.
Hoje o “dia da Bíblia” é comemorado de diversas maneiras: cultos, carreatas, concentrações, maratonas de leitura bíblica, monumentos institucionalizados em praças públicas, distribuição de bíblias, etc. Em alguns países há o “pedalando por Bíblias”; são passeios ciclísticos para divulgação da Bíblia e arrecadação de fundos para sua divulgação. A iniciativa surgiu em 1984, na Austrália, com o ciclista cristão Bob Forrest. Ele percorreu 900 km entre Sydney e Melbourne, juntamente com um filho e um amigo. Conseguiu patrocinadores e destinou todos os recursos para projetos de distribuição de Bíblias. Igrejas e entidades cristãs têm tomado iniciativas semelhantes em vários países: Alemanha, Argentina, Hong Kong, Namíbia, Sri Lanka, Suíça e Brasil; dentre outros. Em alguns países com formato um pouco diferente, incluso o Brasil. “Pedalando por Bíblias” é coordenado no Brasil pela Sociedade Bíblica do Brasil.
BÍBLIA EVANGÉLICA X BÍBLIA CATÓLICA. A comparação entre as duas Bíblias é simples: a evangélica contém 66 livros e a católica 73. Além dos 7 livros a mais, a tradução católica traz pequenos acréscimos aos livros de Ester e Daniel. Quais são os livros a mais que existem na versão católica? A diferença no número de livros não significa que uma ou outra seja falsa. As diferenças não estão no conteúdo e sim naquilo que não está no conteúdo, ou seja, para os evangélicos o conteúdo da Bíblia é o único referencial e base de fé, conduta e salvação. Para os cristãos católicos, além da Bíblia, a tradição e os dogmas também são elementos de fé, conduta e salvação. Simples assim.
O QUE É A BÍBLIA? O vocábulo é a transliteração da palavra grega “biblos” e o significado literal é “livro”. Porém, a Bíblia é uma livraria ou a “biblioteca de Deus”. O Antigo Testamento foi escrito em hebraico e pequenos trechos em aramaico. O Novo Testamento foi escrito em grego antigo “koinê”. Ela é, para o cristão evangélico, a única autoridade em matéria de fé e prática. Nenhum conhecimento provado pode substituir a Bíblia em todo o seu conteúdo. Há 4 termos sobre a Bíblia que é preciso deixar claro seu entendimento: revelação; inspiração; iluminação e inerrância.
SUA REVELAÇÃO. Todas as doutrinas cristãs são baseadas na revelação de Deus em Cristo. A Bíblia não é a revelação, mas o registro dessa revelação. Ela é o código autorizado em tudo que se refere à fé e à prática religiosa. Embora contenha ciência, filosofia, psicologia, história, geografia e muito mais, a sua preocupação é ser um livro de fé e guiar o homem até Deus. Por isso é revelação, ou seja, Deus quis fazer-se conhecido (revelado) aos homens e, por isso, revelou-se através da Bíblia (Dt. 29:29), sendo Cristo a revelação total e final - Veja Hb. 1:1-3.
SUA INSPIRAÇÃO. Inspiração significa a direção divina sobre os que escreveram o registro bíblico. Embora tenha havido tantos autores humanos, todos eles receberam através do Espírito Santo o toque de Deus para escreverem a Bíblia. Deus usou cada autor com seu intelecto, seu conhecimento, suas limitações e não como robôs. Todavia, todos foram inspirados por Ele para escreverem toda a verdade. Por isso, a tremenda unidade que há entre todos os escritos. Veja II Pd. 1:20-21 + II Tm. 3:16-17 + Ez. 1:3 + Jr. 36:1-2).
SUA INERRÂNCIA. O termo significa “que não se engana”, “infalível”, “que não comete erros”. A Bíblia é a verdade de Deus acima de qualquer suspeita. Mesmo sendo escrita por homens falíveis, a Bíblia não contém erros ou contradições. Por ter sido inspirada por Deus, tudo que foi escrito pelos autores humanos, teve a direção e aprovação divina. As aparentes contradições em passagens difíceis são frutos de falhas hermenêuticas ou possíveis problemas de tradução e cópia ao longo dos tempos.
A ILUMINAÇÃO. Significa que o Espírito Santo é o que guia e dirige o espírito do homem que estuda e procura interpretar Sua Palavra. O livro Bíblia é tinta e papel como outro qualquer. A sua diferença acontece quando o homem lê e estuda o seu conteúdo. Este veio diretamente do coração de Deus e, então, o Espírito Santo ilumina o ser humano para receber e interpretar as verdades de Deus para a sua vida. O pregador hoje é iluminado e não inspirado. E que lições preciosas podem ser tiradas sobre a Bíblia, a Palavra de Deus?
Venha refletir mais um pouco sobre essa história. Participe conosco do Café Metanoia, no YouTube, domingo 8h45min e da escola bíblica as 9h15min na EBD da IBVO (classe ADULTOS).